segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Quando o ambiente determina a ação dos genes.





Existe um campo da Genética que tem chamado a atenção dos geneticistas:
a Epigenética.
Por muito tempo se pensou que a expressão (função) de um gene pudesse ser totalmente controlada pela alteração nas sequências das bases nucleotídicas da molécula de DNA. Os geneticistas descobriram que o ambiente também pode causar mudanças fenotípicas, que serão futuramente herdadas aos descendentes.
Hoje, já se sabe que o hábito de vida das pessoas pode interferir na expressão dos genes. Escolher melhorar a alimentação, praticar exercícios regularmente e não fumar podem fazer diferença, sim, não só em nível fenotípico, como também em nível genotípico.
Estudos indicam que a ação dos genes pode ser modificada pelos nutrientes que os fetos recebem através do cordão umbilical durante sua formação. Uma dieta com vitamina B pode reverter a modificação das histonas que causam perda da memória e função motora.
Primeiro, é preciso entender como ocorre a regulação gênica. Nos organismos multicelulares, entre os estágios de zigoto e adulto, as células do organismo se diferenciam. Mas como é que células geneticamente iguais se tornam funcionalmente diferentes? Uma das respostas reside no fato de que as células não produzem as mesmas proteínas o tempo todo.
Para entender melhor o processo de formação de uma proteína, veja como ocorre a tradução.
Deve existir, então, um mecanismo na célula que ativa e inativa os genes em momentos diferentes e sob condições distintas. Um desses mecanismos é a epigenética. Ela estuda as interações causais entre genes e seus produtos, que são responsáveis pela produção do fenótipo.
O DNA encontra-se associado às histonas. Ambos encontram-se sob a forma de nucleossomo. O nucleossomo é a unidade básica da cromatina.
Os principais eventos envolvidos na epigenética são a metilação do DNA e alterações nas histonas. Esses eventos atuam modificando a acessibilidade da cromatina para a regulação da transcrição.
As modificações de histonas (modificações das proteínas) e a metilação do DNA (modificações químicas) são muito importantes para estabelecer a programação correta da expressão dos genes, mas erros nesses processos podem levar a uma expressão aberrante de genes.
É o que acontece com o câncer. Por meio de um processo de acúmulo de erros genéticos e epigenéticos, uma célula normal pode se tornar uma célula invasiva ou uma célula tumoral. As alterações nos padrões de metilação do DNA mudam a expressão de genes associados ao câncer, tais como os genes supressores tumorais e os oncogenes. Em suma: além do genes, os hábitos que uma pessoa cultiva podem fazer com que o câncer venha a se desenvolver. Basta, para isso, que o hábito desencadeie os mecanismos envolvidos, ao mesmo tempo em que a compreensão deles pode permitir a criação de modelos para tratamento da doença.
Como se vê, a epigenética é um campo vasto no estudo da compreensão da expressão gênica causada por fatores ambientais. Os atos de hoje (progenitores) podem afetar o modo de vida das gerações futuras (descendentes).

http://blog.educacional.com.br
Anders Sandberg. Licenciado por Creative Commons Atribuição 2.0 Genérica.