Ui, ele existe!! E é Cientista!!
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Em junho de 2011, Neil deGrasse Tyson acabava de gravar mais
uma entrevista para o Big Think, site que reúne bate-papos e artigos com mentes
brilhantes. Seria um dia comum na vida do diretor do Planetário Hayden, em Nova
York, velho conhecido da mídia norte-americana por ser didático nas explicações
sobre o universo.
Mas um gesto mudou tudo. Ao explicar porque Isaac Newton
teria sido o maior cientista da história, Tyson fez a expressão que ilustra
esta matéria. Os internautas, então, retiraram apenas esse trecho do vídeo e
passaram a reproduzi-lo por blogs, tumblrs e redes sociais com legendas
irônicas. No Brasil, a versão mais famosa foi: “Ui, eu fiz alguma coisa surpreendente
e vou esnobar.”
A popularidade de Tyson começa antes de sua imagem se tornar
um viral. Com 10 livros de astronomia publicados, ele recebeu a maior
condecoração dada pela Nasa a um civil por sua colaboração em projetos sobre o
futuro da exploração espacial.
Além
disso, Tyson tem um programa de rádio, o StarTalk, em que discute assuntos de
ciência junto com famosos, e já participou da série de TV geek The Big Bang
Theory (Warner Channel). A seguir, ele fala sobre como é ser um astrônomo que
caiu na boca do povo.
Como você soube do meme com sua imagem?
Tenho contas bastante ativas no Twitter e Facebook. Então, é
como se eu tivesse milhares de olhos lá fora. As pessoas me mostram artigos
onde sou mencionado. Achei curiosa essa história. Desisti de tentar controlar
minha imagem.
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Você sofre preconceito de outros cientistas devido à fama?
Há algumas décadas, se um cientista escrevesse coisas
populares não seria visto como um igual por outros pesquisadores. Hoje, não faz
diferença para meus colegas. Talvez faça alguma para os estudantes. O astrônomo
Carl Sagan passou por isso nos anos 1980, quando escreveu o livro Cosmos, que
virou série de TV, apresentando ciência para leigos. Mas os pesquisadores entenderam
que, se o público gosta do que você faz, você recebe mais dinheiro para
fazê-lo. Nosso financiamento vem dos contribuintes.
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Como foi participar do seriado The Big Bang Theory?
Foi a coisa mais divertida que já fiz. No episódio, eu
interpretei a mim mesmo e discuti sobre Plutão. Porque não há nada sobre Plutão
que eu não tenha comentado, já que fiz parte da comissão que o rebaixou à
categoria de planeta anão. Por causa disso, sofri o desprezo do personagem
Sheldon [físico, o mais nerd e famoso da série].
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Qual sua estratégia falar de ciência para o público leigo?
Gosto de pensar que tenho um cinto de utilidades, como o
Batman. Em cada bolso, uma maneira de falar. Você é do Brasil, então, eu
poderia falar sobre o fato de o país ter a terceira maior indústria
aeroespacial do mundo. Se eu tenho a chance de impressionar alguém com o tema
universo, me esforço. Algumas pessoas que escutam meu programa de rádio dizem
que é como se eu estivesse na sala da casa delas conversando. Para mim é um
grande elogio, pois mostra que estamos juntos confortavelmente falando sobre o
espaço.
Recentemente você deu uma palestra sobre o declínio da
ciência nos EUA. Por que isso está acontecendo?
A produção não está só caindo nos EUA, como está crescendo
em outras partes do mundo. Perdemos a direção, vivemos dos avanços espaciais,
mas não reinvestimos. Vai piorar antes de melhorar, eu acho.
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Você acha que China ou algum outro país vai ultrapassar os
EUA no futuro?
Acho inevitável a menos que os EUA invistam mais dinheiro em
seu programa espacial. Meu próximo livro, “Space Chronicles” (sem título em
português), é sobre se devemos voltar ao espaço. Pessoalmente acho que os EUA
devem continuar a explorar o espaço porque a descoberta é divertida, mas não é
suficiente para convencer o congresso. Podemos dizer que ir ao espaço de
maneira grandiosa espalha a ciência pelo país. Cria-se uma cultura, as pessoas
vão querer fazer pesquisa. Isso chega à educação e fazemos descobertas. Vai
ajudar a economia a se recuperar.
Você imagina um programa espacial ideal para substituir o
programa dos ônibus espaciais, encerrado pela NASA em 2011?
Eu diria que gostaria de ir à Lua de Júpiter com um robô.
Ela é congelada na superfície, mas tem um oceano líquido subterrâneo há bilhões
de anos. Eu gostaria de procurar vida lá.
Fonte: Revista Galileu - Denise Dalla Colletta