Mulheres adultas carregam
células-tronco capazes de produzir óvulos.
Para que ocorra a fecundação,
células reprodutoras masculinas (espermatozóides) precisam se encontrar com
células reprodutoras femininas (óvulos). Pensava-se que essas células fossem
produzidas uma só vez na vida, amadurecendo até a puberdade para dar início ao
processo conhecido como ovulação, a ‘liberação’ dos óvulos. Entretanto, um
artigo publicado no periódico científico especializado Nature Medicine mostra
que mulheres adultas podem possuir células-tronco capazes de fazer novos
óvulos. A descoberta pode revolucionar a maneira como cientistas entendem a
reprodução, lançando luz sobre muitas técnicas de fertilização in vitro.
Em 2004, um grupo de
pesquisadores disse ter isolado células-tronco similares em ratos. Muitos
cientistas ficaram céticos a respeito dos resultados da pesquisa. Para testar a
hipótese com meios mais sofisticados, um time do Hospital Massachusetts em
Boston, nos EUA, refez a coleta e identificação de células ovarianas de
camundongos. Para isso, usaram uma técnica que colore apenas as células-tronco.
Depois de verificar que os resultados estavam corretos, aplicaram o método em
células congeladas coletadas do ovário de mulheres em idade reprodutiva. Ao
transplantar as células-tronco em animais, viram que as células coloridas
começaram a se assemelhar a ovócitos (óvulos imaturos).
Apesar de novos experimentos
serem necessários para avaliar se essas células conseguiriam, de fato,
amadurecer a ponto de estarem prontas para a fertilização, os pesquisadores
estão muito otimistas com os resultados. Mesmo que seja provado que essas
células não formam naturalmente novos óvulos no corpo, há a possibilidade de
que elas possam ser induzidas a isso, revolucionando a reprodução assistida. O
método poderia ajudar pacientes submetidas a quimioterapia, mulheres com
menopausa precoce e até mesmo aquelas que sucumbem naturalmente aos efeitos do
envelhecimento. Mais: o estudo dessas células poderia, eventualmente, levar ao
desenvolvimento de hormônios e medicamentos para revigorar o organismo e
desacelerar o relógio biológico feminino.
Fonte: Estadão