Quando o ambiente determina a
ação dos genes.
Existe um
campo da Genética que tem chamado a atenção dos geneticistas:
a Epigenética.
Por muito
tempo se pensou que a expressão (função) de um gene pudesse ser totalmente
controlada pela alteração nas sequências das bases nucleotídicas da molécula de
DNA. Os geneticistas descobriram que o ambiente também pode causar mudanças
fenotípicas, que serão futuramente herdadas aos descendentes.
Hoje, já se
sabe que o hábito de vida das pessoas pode interferir na expressão dos genes.
Escolher melhorar a alimentação, praticar exercícios regularmente e não fumar
podem fazer diferença, sim, não só em nível fenotípico, como também em nível
genotípico.
Estudos
indicam que a ação dos genes pode ser modificada pelos nutrientes que os fetos
recebem através do cordão umbilical durante sua formação. Uma dieta com
vitamina B pode reverter a modificação das histonas que causam perda da memória
e função motora.
Primeiro, é
preciso entender como ocorre a regulação gênica. Nos organismos multicelulares,
entre os estágios de zigoto e adulto, as células do organismo se diferenciam.
Mas como é que células geneticamente iguais se tornam funcionalmente
diferentes? Uma das respostas reside no fato de que as células não produzem as
mesmas proteínas o tempo todo.
Para entender melhor o processo
de formação de uma proteína, veja como ocorre a tradução.
Deve existir,
então, um mecanismo na célula que ativa e inativa os genes em momentos
diferentes e sob condições distintas. Um desses mecanismos é a epigenética. Ela
estuda as interações causais entre genes e seus produtos, que são responsáveis
pela produção do fenótipo.
O DNA encontra-se
associado às histonas. Ambos encontram-se sob a forma de nucleossomo. O
nucleossomo é a unidade básica da cromatina.
Os principais eventos envolvidos
na epigenética são a metilação do DNA e alterações nas histonas. Esses eventos
atuam modificando a acessibilidade da cromatina para a regulação da
transcrição.
As
modificações de histonas (modificações das proteínas) e a metilação do DNA
(modificações químicas) são muito importantes para estabelecer a programação
correta da expressão dos genes, mas erros nesses processos podem levar a uma
expressão aberrante de genes.
É o que
acontece com o câncer. Por meio de um processo de acúmulo de erros genéticos e
epigenéticos, uma célula normal pode se tornar uma célula invasiva ou uma
célula tumoral. As alterações nos padrões de metilação do DNA mudam a expressão
de genes associados ao câncer, tais como os genes supressores tumorais e os
oncogenes. Em suma: além do genes, os hábitos que uma pessoa cultiva podem
fazer com que o câncer venha a se desenvolver. Basta, para isso, que o hábito
desencadeie os mecanismos envolvidos, ao mesmo tempo em que a compreensão deles
pode permitir a criação de modelos para tratamento da doença.
Como se vê, a
epigenética é um campo vasto no estudo da compreensão da expressão gênica
causada por fatores ambientais. Os atos de hoje (progenitores) podem afetar o
modo de vida das gerações futuras (descendentes).
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