Segundo novos estudos, células teriam surgido em poças ao lado de gêiseres e não no
mar
O prato da
"sopa primordial" ficou bem menor: uma equipe de pesquisadores sugeriu,
em artigo científico a ser publicado nesta terça-feira na revista
"PNAS", que a origem da vida celular não se deu na vastidão do
oceano, mas sim em pequenas poças em terra.
É
consenso entre os cientistas que os seres vivos surgiram da combinação de
certos elementos químicos, que produziram os "tijolos" de substâncias
orgânicas dos quais eles são feitos. Esses ingredientes seriam as substâncias
químicas dessa "sopa primordial" no mar.
Essa forma de
vida primitiva teria se isolado do ambiente, criado um metabolismo próprio para
consumo de energia e a capacidade de se reproduzir. Pesquisadores da área se
dividem entre os que acham que o metabolismo surgiu antes e os que acham que a
capacidade de replicação veio primeiro.
Uma hipótese
popular de um dos defensores do "metabolismo primeiro" foi criada por
Mike Russel, hoje no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa. Para ele, os
precursores da vida surgiram no fundo dos oceanos, ao redor de jatos de água
quente que surgem de fissuras ligadas à atividade vulcânica.
"Estávamos
bem contentes com a ideia da origem da vida no mar e nossas visões atuais ainda
incorporam alguns traços da hipótese de Mike Russell", disse à Folha o principal
autor do estudo, Armen Mulkidjanian, da Universidade de Osnabrück, na Alemanha.
Mas os cientistas notaram discrepâncias entre as proporções de certas formas de
elementos químicos no interior das células atuais dos seres vivos e em
ambientes marinhos e terrestres em geral. É o caso de certos íons, átomos ou
moléculas eletricamente carregados.
De acordo com
o grupo, a proporção dos íons dentro das células de hoje reflete a composição
do ambiente em que elas se formaram há bilhões de anos.
Fonte: Folha
RICARDO BONALUME NETO